quinta-feira, 28 de abril de 2011

A importância e a Influência da Pirâmide como Guia Nacional para Reeducação Alimentar

ISABELLA ALVES LEMES















A IMPORTÂNCIA E A INFLUÊNCIA DA PIRÂMIDE COMO GUIA NACIONAL PARA REEDUCAÇÃO ALIMENTAR

 




Artigo apresentado à Universidade de Franca, como exigência parcial, para aprovação no curso de Lato Sensu. Área de concentração: Terapia Nutricional.

Orientadoras: Prof. Ms.: Felícia Bighetti Sassarini.

Prof. Ms.: Maria Virgínia de Figueiredo Fedeiro do Couto Rosa.  





FRANCA
2011


A IMPORTÂNCIA E A INFLUÊNCIA DA PIRÂMIDE COMO GUIA NACIONAL PARA REEDUCAÇÃO ALIMENTAR


THE IMPORTANCE AND INFLUENCE OF THE PYRAMID AS A GUIDE TO RETRAINING NATIONAL FOOD


Isabella Alves Lemes[1]



RESUMO

Analisando o aumento da população de sobrepesos e obesos, percebe-se a importância e a influência da pirâmide alimentar, sendo esta um guia adequado e eficiente para a prevenção e educação alimentar. Devido a isso, escolheu-se este tema, pois o mesmo é atual e muito usado na prática de profissionais nutricionistas. A pirâmide alimentar é o guia mais adequado? Esse guia realmente apresenta resultado quando usado na prática clínica? Que influência eles tem na educação alimentar? Apresenta resultados satisfatórios? O método através do qual será realizada essa pesquisa é o de revisão de literatura, através de busca de dados atualizados em revistas científicas, livros, sites e artigos científicos. Os conteúdos analisados para elaboração do trabalho e os autores são nacionais.  São processos metodológicos, analítico-sintético porque serão feitas várias leituras, reflexivo porque nos faz refletir sobre o assunto, descritivo porque nos faz descrever e entender mais sobre o tema, qualitativo porque leva em consideração a qualidade de vida, social porque fala sobre a sociedade em geral e comparativo porque compara vários autores. Para que a educação alimentar seja eficaz é necessário que ela seja iniciada o mais cedo possível, antes que as patologias, complicações e os sintomas comecem a aparecer. Portanto, uma dieta balanceada seguindo as orientações da pirâmide alimentar nacional, juntamente com a prática de exercícios físicos previne e ajuda a evitar o aumento da população de obesos e sobrepesos. O objetivo desta revisão de literatura será o de ampliar e divulgar o conceito e a importância do método educacional da pirâmide alimentar, ou seja, a educação alimentar, a fim de prevenir o aparecimento ou a prevalência de hábitos alimentares inadequados e como conseqüência a obesidade.

         Palavras-chave: alimentação; prevenção; pirâmide; guia; educação.



ABSTRACT


Analyzing the increase in population of overweight and obese, one realizes the importance and influence of the food pyramid, which is a guide to effective and appropriate prevention and nutritional education. Because of this, we chose this theme because it is current and widely used in practice by professional nutritionists. The food pyramid is the more appropriate guide? This guide really shows results when used in clinical practice? What influence they have on food education? Provides satisfactory results? The method that will be conducted this research is the literature review, through a search of updated data in scientific journals, books, Web sites and scientific


articles. The contents analyzed for preparation work and the authors are nationals. Processes are methodological, analytical, synthetic because they will be read several times, reflective because it makes us reflect on the subject, descriptive because it makes us describe and understand more about
the subject, because quality takes into consideration the quality of life, because it talks about the social society General and Comparative because it compares several authors. For education to be effective food is needed it is initiated as soon as possible, before the pathology, complications and symptoms begin to appear. Therefore, a balanced diet following the guidelines of the national food pyramid, along with physical exercise prevents and helps prevent the increase in population of obese and overweight. The purpose of this review will be to expand and disseminate the concept and importance of the educational method of the food pyramid, ie, food education, in order to prevent the onset or prevalence of eating habits and obesity as a consequence.



Key words: feeding; prevention; pyramid, guide, education.



INTRODUÇÂO


O estilo de vida de uma determinada população, na maioria das vezes, determina a maneira de se alimentar dos mesmos. Sendo assim, quando a cultura já está estabelecida, principalmente em adultos, é quase que impossível mudá-la (Bottoni, 2002). O nosso hábito alimentar é adquirido durante toda a vida, mas nos primeiros anos é um período muito importante onde primordialmente ele se estabelece. Por isso, na infância, é de extrema importância uma alimentação adequada para a manutenção de um bom estado de saúde (Colucci, 2003).  
A trajetória da educação alimentar no nosso país e seu pequeno vínculo com as políticas alimentares e a nutrição em vigência tem sido bastante discutida por diversos autores. Da década de 40 até a década de 60, o desenvolvimento de alguns instrumentos que ensinassem as pessoas carentes a comer foi priorizado o que caracterizou uma mudança no comportamento alimentar. Logo, em 1970, várias críticas foram feitas à educação alimentar que ensinava as pessoas carentes a comer alimentos com valor nutricional baixo, então, logo a suplementação foi à norteadora das políticas. Em meados da década de 80, a educação nutricional se tornou mais crítica na luta contra a fome e a desnutrição, influenciando nos conteúdos da matéria de educação nutricional para formação de nutricionistas. Em seguida (1990), a alimentação se tornou um direito humano (Santos, 2005).
Nos EUA, no ano de 1916, o USDA (United States Department of Agriculture) teve a idéia de juntar os alimentos em um folheto que se chamava Food for Young Children. Com o correr do tempo, esses “guias” foram mudando de forma (como exemplo: rodas, quadros, pirâmides) e mudando também de números de agrupamento, mas durante todo esse tempo à intenção era a mesma

de conseguir apresentar um bom guia para a alimentação saudável. Finalmente, optaram pela Pirâmide Alimentar que enfoca a prevenção de doença e a promoção de saúde (Mahan, 2005).
 Já no Brasil pensando em promover os hábitos saudáveis e a saúde criou-se um guia alimentar, e também foi escolhida a forma de pirâmide, para se estabelecer os níveis e a quantidade de alimentos (Bottoni, 2002). Após vários estudos comparativos, optou-se pela pirâmide alimentar norte-americana descrita anteriormente como auxílio para se desenvolver uma nova pirâmide com caracterização e distribuição de alimentos nela contidos (Philippi, 1999).
Os guias alimentares têm a função de educar, e as pirâmides juntamente com as mensagens objetivas e simples acarretam em um bom entendimento em todas as culturas e classes sociais, dos conceitos e das recomendações nutricionais (Bottoni, 2002). Esses guias são usados para descrever as recomendações qualitativas e quantitativas dos padrões de dietas baseadas em dados científicos (Barbosa, 2005).


1  NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO


A nossa alimentação é influenciada por diversos fatores: acessibilidade física e financeira, sabor, variedade, cor, harmonia e segurança sanitária. Devido a isso, as pessoas não se alimentam apenas buscando suprir as necessidades orgânicas de nutrientes, mas se alimentam buscando uma alimentação agradável para elas mesmas (Saúde, 2005). Uma dieta equilibrada em qualidade e quantidade faz com que o nosso organismo adquira a energia necessária para desempenhar as suas funções e auxilia a manter um bom estado de saúde.


2   EDUCAÇÃO NUTRICIONAL


A educação capacita a pessoa a se comportar diante das situações da sua vida, com aproveitamento de suas experiências. Já a educação nutricional é uma parte da área de nutrição que incorpora os hábitos saudáveis de acordo com o estilo de vida em torno do modo de se alimentar.
O resultado que devemos esperar é uma boa educação alimentar e a prática de uma boa e desejável alimentação. Ela geralmente consiste em orientações sobre alimentação com práticas educativas para uma transmissão de conhecimentos.
         Muitas vezes a educação nutricional é baseada em nutrientes e alimentação teórica, e essa abordagem deve ter a participação de especialistas no assunto, ou seja, implica na participação de vários setores, porque só assim vamos conseguir implantar hábitos alimentares saudáveis (Marchini, 2008).
O papel da educação nutricional está totalmente ligado à produção de informações que sirvam de subsídios para auxiliar os indivíduos no seu poder de decisões e escolhas.
Assim, pode-se afirmar que as práticas educativas devem ser consistentes fazendo uso de vários recursos tecnológicos de comunicação, garantindo o acesso à informação de boa qualidade. Seria bom questionar o papel do profissional da área da saúde, em particular o nutricionista, nessa área, pois esses profissionais são os principais transmissores dessas informações na promoção das práticas alimentares saudáveis (Santos, 2005).  


3        GUIAS ALIMENTARES


Guias alimentares são definidos como: orientações dietéticas que se constituem em componente da política de saúde e são destinados ao público em geral. Eles carregam semelhanças bem definidas como as regras de higiene.
Galego, em 1800 anos atrás, considerou alguns fatores importantes para a saúde e que o individuo poderia exercer controle, como exercício, dieta e sono e esses conceitos foram à força que impulsionou movimentos pela saúde, sendo à base dos guias alimentares atuais (Silva, 2007).
Podemos dizer que são dois os objetivos desses guias: Orientar os consumidores para que as dietas sejam escolhidas adequadamente para se ter uma boa saúde por mais tempo; e aconselhar sobre a alimentação para diminuir o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas (Silva, 2007).
E o estabelecimento deles tem por finalidade orientar a população quanto à escolha, forma e quantidade dos alimentos que serão consumidos (Barbosa, 2005).
Eles devem: ser úteis para o público alvo; ter uma visão global da dieta; ser baseados em pesquisas atualizadas; ter uma forma realista de suprir as necessidades nutricionais utilizando-se da dieta habitual de cada população; ser dinâmicos, permitindo o máximo de flexibilidade para a escolha dos alimentos, a fim de suprir as necessidades nutricionais do individuo; e ser práticos, com os nutrientes e energia adaptados segundo a idade, sexo e atividade física (Philippi, 1999).
        E em relação as suas características, podemos citar: têm orientações de consumo sobre não nutrientes como fibras, e de nutriente não essencial, como colesterol; é de baixo custo e fácil operacionalização; são expressos em linguagem de fácil compreensão; apresentam orientações gerais
sem especificação para diferentes grupos da população; e inclui metas para a população alcançar dentro de algum prazo no futuro. Para dizermos que um guia é eficiente e prático, a avaliação deve ser contínua e com adaptações em função da população destinada, respeitando a disponibilidade dos alimentos e os hábitos alimentares locais (Silva, 2007).
Esses guias classificam-se em qualitativos e quantitativos. Os quantitativos dizem à quantidade que deve ser consumida de cada grupo de alimentos, já os qualitativos informam sobre os alimentos que devem ser evitados e os que devem ser ingeridos.
Vários países apresentam seus guias de acordo com o estilo de vida existente, necessidades dos nutrientes e disponibilidade dos alimentos. Visando melhorar os hábitos alimentares, as principais orientações sobre alimentação no Brasil foram reunidas em um guia alimentar em forma de pirâmide com o estabelecimento de porções de alimentos e níveis (Marchini, 2008).


4        PIRÂMIDE ALIMENTAR COMO GUIA NACIONAL

           
A pirâmide é um guia que permite a socialização do conhecimento da alimentação e nutrição capaz de orientar e permitir a população brasileira a ter uma seleção de alimentos mais saudáveis considerando as realidades sociais, culturais e econômicas do povo (Silva, 2007).
A forma piramidal caracteriza os alimentos e ajuda os indivíduos a planejar suas refeições (Marchini, 2008).
Nela, os alimentos são divididos em oito grupos sugerindo mais importância e participação aos alimentos que estão nos grupos da base para o topo da pirâmide.
Eles estão apresentados em forma de porções.
Porção é a quantidade exata do alimento na sua forma de consumo (xícara, colheres, fatias, gramas). Portanto, para cada nível da pirâmide foram estabelecidas às porções dos alimentos, sendo que, os alimentos de certo grupo jamais podem ser trocados pelos de outros grupos (Bottoni, 2002).
       
     
Figura 1 – Pirâmide alimentar adaptada.
Fonte: Philippi, 1999, p. 5.


Os grupos são os seguintes (conforme figura 1): grupo 1 do arroz, massa, pão, batata e mandioca (de 5 a 9 porções); grupo 2 das verduras e legumes ou hortaliças (de 4 a 5 porções); grupo 3 das frutas (de 3 a 5 porções); grupo 4 das carnes e ovos (de 1 a 2 porções); grupo 5 do queijo, leite e iogurte (3 porções); grupo 6 dos feijões (1 porção); grupo 7 dos óleos e gorduras (de 1 a 2 porções); e grupo 8 dos açúcares e doces (de 1 a 2 porções) (Silva, 2007). 
      Então, para cada nível do guia foram estabelecidas às porções dos alimentos que são equivalentes de energia (Kcal), sendo que esses dados foram retirados de um programa de informática chamado “Virtual Nutri”, conforme mostrado no parágrafo abaixo (Marchini, 2008).
No grupo 1, uma porção de 150Kcal equivale a 4 colheres (de sopa) de arroz ou macarrão ou 4 biscoitos salgados e 1 pão francês. Já no grupo 2, uma quantidade de 15 Kcal se refere a 15 folhas de alface ou 2 folhas de acelga ou 1 tomate ou 2 colheres (de sopa) de cenoura ralada. No terceiro grupo, uma porção de 35 Kcal equivale a ½ banana nanica ou ½ fatia de abacaxi ou ½ maça ou ½ copo de suco de laranja. No grupo 4, uma porção de 120Kcal se refere a 1 copo de iogurte ou uma fatia de queijo de minas ou 1 xícara de leite. No quinto grupo, uma porção de 190 Kcal equivale a 1 filé de frango grelhado ou 1 ovo frito ou 1 fatia de carne assada. Já no grupo 6, uma quantia de 55 Kcal se refere a 2 colheres (de sopa) de lentilha ou soja, ou 4 colheres (de sopa) de feijão ou 2 colheres (de sopa) de grão de bico (Bottoni, 2002). No sétimo grupo, uma porção de 73 Kcal equivale a 1 colher (de sopa) de óleo vegetal ou ½ colher (de sopa) de margarina. E, por fim, no grupo 8, uma quantia de 110 Kcal se refere a 1 colher (sopa) de açúcar refinado ou 2 ½ colheres (de sopa) de mel ou 1 colher (de sopa) de doce de leite cremoso ou geléia de frutas (Marchini, 2008).

Tabela 1 – Distribuição das porções de acordo com os grupos de alimentos e o valor calórico                    das dietas
GRUPOS
DIETA
1600KCAL
DIETA
2200KCAL
DIETA
2800KCAL
Arroz, massa, pão, batata e mandioca.
5
7
9
Verduras e legumes.
4
5
Frutas.
3
4
5
Leite, queijo e iogurte.
3
3
3
Carnes e ovos.
1
2
Feijões.
1
1
1
Óleos e gorduras.
1
2
2
Açúcares e doces
1
2
Fonte: Silva, 2007, p. 176.
     
               Para auxiliar na aplicação da pirâmide foram criadas três dietas com quantidades calóricas diferentes visando atender a maior parte da população. Foram considerados: peso, altura, sexo, idade e nível de exercício físico. E para cada dieta foram estabelecidos os números de porções de cada grupo, de acordo com a tabela 1 (Marchini, 2008).
               A dieta de 1600Kcal é indicada para adultos, idosos e mulheres sedentárias. Já a dieta de 2200Kcal é usada para crianças, adolescentes do sexo feminino, homens sedentários e mulheres de atividade física intensa (As gestantes às vezes precisam de mais calorias). Agora, a dieta de 2800Kcal se usa para homens com atividade física intensa, mulheres com atividade física muito intensa, e adolescentes do sexo masculino. Vale lembrar também que, as necessidades do grupo do leite podem ser maiores para adolescentes, idosos e adultos (Bottoni, 2002).  
Para cada dieta que foi estabelecida, de acordo com a Tabela 2, se obtiveram porcentagens para a quantidade de proteínas (10 a 15%), carboidratos (50 a 60%) e lipídeos (20 a 30%) (Philippi, 1999).


Tabela 2 – Quantidade de carboidratos, proteínas e lipídeos nas dietas
Dietas (Kcal)
Proteínas
Carboidratos
Lipídeos

%
%
%
1600
15
61
23
2200
14
58
27
2800
15
60
25
Fonte: Philippi, 1999, p. 68.

               Na base do guia, no primeiro grupo as porções estão definidas entre 5 e 9. As 5 porções significam que para quem tem como recomendação a dieta de 1600Kcal pode comer, no mínimo, como exemplo 4 colheres (de sopa) de macarrão ou arroz, 1 pão francês, 4 biscoitos salgados, 3 colheres (de sopa) de farinha de mandioca e uma fatia de bolo durante todo o dia. Já a recomendação de 7 porções é para as pessoas que devem seguir a dieta de 2200 Kcal e a de 9 porções para as dietas de 2800 Kcal, representando a possibilidade de comer além das 5 porções exemplificadas, outros alimentos do grupo, ou maiores quantidades deles até completar 9 porções. Esse raciocínio deve ser seguido para os demais níveis do guia (Bottoni, 2002).
               O grupo dos cereais, por ser o de maior número de porções, as orientações devem ser criteriosas. Essa recomendação pode ser reforçada e deve-se observar a quantidade de gordura saturada, principalmente em alimentos industrializados. Em relação ao grupo as frutas e vegetais, o Brasil é um país muito extenso e ocasiona uma boa diversidade deles, por isso, deve ser estimulado o consumo desses alimentos cultivados em cada região por serem de fácil acesso e do hábito alimentar da população. Já os grupos seguintes (leite, queijo e iogurte; carnes, ovos; e feijões) por serem todos de origem protéica e do mesmo nível podem ser substituídos entre si. E os últimos grupos, óleos e gorduras, foram colocados separados para auxiliar na orientação (Silva, 2007).
      Nossa população é acostumada a adicionar açúcar em bebidas, como sucos e café, e tem o hábito de consumir sobremesas (doces) no intervalo das refeições, e a fritura é sempre preferida pelos brasileiros. Então, devem-se recomendar outras formas de preparo, como grelhados e assados (Silva, 2007).  
E, para finalizar a revisão, com base na pirâmide alimentar foram estabelecidas algumas recomendações visando complementar a orientação nutricional: se ingerir bebida alcoólica, fazer com moderação; beber, no mínimo, de 6 a 8 copos de água por dia; Fazer uso com moderação de doces, açúcar, sal e alimentos ricos em sódio; escolher uma dieta bem variada incluindo todos os grupos da pirâmide; preferir os vegetais, como verduras, legumes e frutas; levar em consideração o estilo de vida para atingir o peso ideal: planejando a dieta de maneira adequada e fazendo atividade física cerca de 30 minutos por dia; mudar os hábitos inadequados gradativamente, pois medidas radicais não são recomendadas; consumir grãos integrais (farinha, pães, arroz); preferir os alimentos em sua forma natural, ás preparações assadas, cozidas em água ou vapor, grelhadas, para garantir um melhor valor nutritivo; sempre analisar os rótulos dos alimentos industrializados para escolher melhor o alimento que será consumido e analisar o valor nutritivo; e consumir alimentos com baixo teor de gordura, dando preferência às insaturadas (margarina e óleo vegetal), leite desnatado e carnes magras (Silva, 2007).


5 IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA DA PIRÂMIDE COMO GUIA NACIONAL NA EDUCAÇÃO ALIMENTAR


              A pirâmide alimentar é considerada um guia pessoal e bem flexível, pois traz um resumo dos alimentos que devem ser ingeridos todos os dias e as informações gerais sobre a escolha dos mesmos. Ela apresenta a quantidade exata de calorias e os nutrientes essenciais para se manter o peso ideal e a manutenção da saúde (Bottoni, 2002).
             Essa quantidade de alimentos apresentada se constitui uma ferramenta muito importante na preparação de dietas como subsidio para guias alimentares e é bem informativa e clara, possibilitando fácil entendimento e aplicação (Philippi, 1999).
              A pirâmide também é útil no monitoramento nutricional para se verificar as diferenças no consumo alimentar recomendado e o atual, e vem sendo utilizada como uma boa ferramenta de orientação nutricional (Barbosa, 2005).
     


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluiu-se que a educação alimentar é de extrema importância para o controle de peso da população brasileira. Ao término desse artigo pode-se perceber que uma das melhores maneiras para se evitar o aparecimento e a prevalência de hábitos alimentares inadequados é o uso da pirâmide alimentar nacional como guia, com a finalidade de prevenir e tratar as complicações e as patologias relacionadas, inclusive à obesidade. Vale lembrar, que o nutricionista é de extrema importância para se ampliar e divulgar a pirâmide, através de atendimentos individualizados, trabalhos informativos e palestras para a população saudável e de risco; esse profissional também é essencial para orientar e ressaltar a importância da alimentação e nutrição adequada (através da pirâmide) na população de baixa renda que no nosso caso, é dominante no nosso país. Ou seja, a Pirâmide alimentar nacional é de grande ajuda na atuação do Nutricionista e na melhora da alimentação da nossa população.   

REFERÊNCIAS


Barbosa RMS et al. Consumo alimentar de crianças com base na pirâmide alimentar brasileira infantil, SP. Revista de Nutrição, Campinas,18(5);634,35,40 set./out. 2005. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rn/v18n5/a06v18n5.pdf >. Acesso em: 9 jun. 2010.

Bottoni A. et al. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. São Paulo: Manole, 2002, 144,51,52,54. 

Colucci ACA, Cruz ATR, Philippi ST. Pirâmide alimentar para crianças de 2 a 3 anos. Revista de Nutrição, Campinas, 16(1), jan/mar. 2003. Disponível em:  http://www.scielo.br/scielo php? script=sci_pdf&pid=S1415-52732003000100002&lng=en&nrm =isso &tln g=pt >. Acesso em: 4 set. 2010, 6.

Mahan LK, Stump SE. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 11. ed. São Paulo: ROCA, 2005, 335.

Marchini SJ, Oliveira DEJ. Ciências nutricionais: aprendendo a aprender. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2008, 556,67,635,36,37.

Mondini L, Monteiro CA. Mudanças no Padrão de alimentação da população urbana brasileira, SP. Revista de Saúde Púlblica, São Paulo, 28(6). 1994. Disponível em: < http://www.scielo. br/scielo. php?pid=S0034-89101994000600007&script=sci_arttext&tlng=es >. Acesso em: 26 jan. 2011, 2.

Philippi ST. et al. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Revista de Nutrição, Campinas,12 (1), jan./abr. 1999. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rn/v12n1/ v12n1a06.pdf >. Acesso em: 25 maio 2010, 66,67,68,69,70,71. 




SANTOS  LAS. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis, SP. Revista de Nutrição, Campinas, v. 18, n 5, set/out. 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_pdf&pid=S1415-52732005000500011&lng=en&nrm=iso&tlng=pt >. Acesso em: 13 set. 2010, 682,683,688,689.  

Saude MD, Saude SDAA, Nutrição CGDPDAE. Guia alimentar para a população brasileira. 2005. Disponível em: http://www.sonutricao.com.br/downloads/GuiaAlimentarPopulacaoBrasileira.pdf>. Acesso em: 28 maio 2010, 38,39.

Silva SMCSD, Mura JDP. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Rocca, 2007, 171,72,74,76,77.


[1] Aluna do curso de Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade de Franca, 2010.

A importância da Alimentação na Prevenção da Osteoporose em Mulheres na Pré e Pós Menopausa

A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO NA PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE EM     MULHERES NA PRÉ E PÓS MENOPAUSA

THE IMPORTANCE OF FOOD FOR THE PREVENTION OF OSTEOPOROSIS FOR
PRE AND POST MENOPAUSE WOMEN

Isabella Alves Lemes[1]
Tatiane Aparecida Gonçalves da Silva1
Leila Cristina Astun Abrahao[2]

         RESUMO

Em virtude do aumento da expectativa de vida e a necessidade do aperfeiçoamento no conhecimento da osteoporose que atinge a mulher no período de pré e pós menopausa sendo uma patologia definida como perda de massa óssea lenta, assintomática e progressiva, com aumento da fragilidade óssea e susceptibilidade a fraturas. É de elevada importância a conscientização de uma ação preventiva para as mulheres na pré e pós menopausa, que são atingidas com maior freqüência. Para que a prevenção da osteoporose seja eficaz é necessário que ela seja iniciada o mais cedo possível, antes que as complicações e os sintomas comecem a aparecer. Portanto, uma dieta adequada, balanceada, com os níveis corretos de cálcio e vitamina D, juntamente com a prática e exercício físico e moderando-se cafeína e álcool entre outros, pode-se evitar o aparecimento da osteoporose. É citada a importância da alimentação rica em Cálcio assim como os alimentos que podem prejudicar a absorção do mesmo. Este trabalho tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre grupos de alimentos importantes para a prevenção da osteoporose na fase de climatério e foi realizado através de um levantamento bibliográfico, coletando-se dados em revistas científicas, sites, artigos e livros.

         Palavras-chave: alimentação; prevenção; osteoporose; mulheres; menopausa.

ABSTRACT

The increase of life expectancy leads to a need for improved knowledge in regards to osteoporosis that affects women during the pre and post menopause period. It is a pathology defined as a slow, asymptomatic and progressive loss of bone mass, with the increase of bone fragility and susceptivity to fractures. The awareness of a preventive action of osteoporosis for pre and post menopause women, who are affected more often, is utterly important. For its efficiency, it is necessary that it begins as soon as possible, before the complications and symptoms start showing. Therefore, a balanced diet, with the right levels of calcium and vitamin D, as well as physical exercising and a balanced consumption of caffeine and alcohol, among others, can be the prevention for osteoporosis. The importance of a calcium-enriched diet is mentioned, as well as the foods that harm the absorption of calcium. This research aims to amplify the knowledge about important food groups for the osteoporosis prevention during the climacterium. It was accomplished through a bibliographic research, collecting information from scientific magazines, web-sites, articles and books.

Key words: feeding; prevention; osteoporosis; women; menopause.

 


INTRODUÇÂO

O climatério é a fase da vida em que ocorre a transição do período reprodutivo fértil para o não reprodutivo, devido à diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários. A menopausa delimita as duas fases do climatério, o climatério pré-menopausa e o pós-menopausa (CORLETA, 2008).
A osteoporose vai cada vez mais se tornando um dos problemas nutricionais de maior importância nos países desenvolvidos e sua prevalência cresce também em nossa população. Ela se caracteriza por massa óssea diminuída e pela ocorrência de fraturas a impactos reduzidos ou espontâneos. Alterações da coluna vertebral e fratura do colo de fêmur são características da osteoporose. Ela afeta primordialmente mulheres na pós-menopausa (MARCHINI; OLIVEIRA, 1998).
O que ocorre no período pós-menopausal é maior perda da massa óssea, sendo esta provocada por desequilíbrio entre o processo de remodelação (osteoblastos) e o da reabsorção (osteoclastos), com predomínio deste (CAMPOS; FERNANDES, 1995).
Apesar dos grandes avanços no conhecimento da histoquímica e do metabolismo ósseo, a osteoporose continua com alguns aspectos básicos da etiologia ainda desconhecidos. Há casos em que um distúrbio conhecido como a imobilização prolongada, os distúrbios metabólicos, as endocrinopatias ou o uso de fármacos pode ser responsabilizado, mas na grande maioria é impossível identificar-se a causa específica. Em virtude deste fato, bem como da coincidência de manifestações clínicas em mulheres adultas jovens, em mulheres na pós-menopausa, ou em idosas, reconhecem-se dois tipos de osteoporose: primária e secundária (CAMPOS; FERNANDES, 1995).
Em relação ao esqueleto, ele sofre contínuo processo fisiológico de remodelação. Este, aparentemente, ocorre em toda a massa óssea, em pontos focais e com intermitência cronológica. O crescimento radial do osso aumenta até a faixa de 30 a 35 anos, mesmo após o término do crescimento linear, com o fechamento das epífises dos ossos longos. No homem a massa óssea é de 25 a 30% maior do que na mulher, sendo 10% maior no de raça negra. O pico da massa óssea aparece entre a terceira e a quarta década da vida. Já na mulher durante o ciclo biológico normal, há perda de 35% do osso cortical e 50 % do osso trabecular, enquanto o homem perde dois terços desta quantidade. Entre 30 e 49 anos, a mulher perde 0,18% por ano do osso esponjoso, com aumento para 1-4% por ano, nos cinco primeiros anos após a menopausa (CAMPOS; FERNANDES, 1995).
Histologicamente, o tecido ósseo é formado por uma parte chamada de tecido compacto e outra de tecido esponjoso, as quais são formadas por dois tipos de células: osteoblastos (responsáveis pela formação óssea); e osteoclastos (responsáveis pelo processo de reabsorção óssea). O sistema ósseo passa sempre por um fenômeno dinâmico, denominado de remodelação óssea. Esse fenômeno ocorre em todo o esqueleto, em locais específicos, observando vários estágios, em cada unidade (CAMPOS; FERNANDES, 1995).
Em relação às mudanças hormonais, a partir da puberdade até a menopausa, o corpo da mulher segue ciclos hormonais regulares que são as menstruações mensais. Os níveis do hormônio feminino, estrógeno, aumentam durante a parte inicial do ciclo, estimulando o crescimento do óvulo que é liberado de um dos dois ovários no meio do ciclo. Após a ovulação, o estrógeno, junto com outro hormônio, a progesterona, estimula o espessamento do revestimento uterino em preparação para uma possível gravidez. Com a aproximação da menopausa, a produção de óvulos pelo ovário e dos hormônios que coordenam o ciclo menstrual tornam-se cada vez mais irregulares (CORLETA, 2008).
Os ovários tornam-se inativos e ocorre mínima ou nenhuma liberação de estrogênio, coincidindo com a redução da absorção de cálcio pelo intestino, devido à baixa produção de calcitonina, hormônio que inibe a desmineralização óssea (BORNAND et al., 2003).
O estudo das causas, a prevenção e o tratamento da osteoporose ainda não chegaram a resultados satisfatórios, apesar do grande número de pesquisas em andamento. Ultimamente, começaram a surgir evidências bem fundadas de que a ingestão de cálcio desde a adolescência, entre os 10 e os 20 anos, o exercício físico e estilo de vida parecem exercer um papel importante no aparecimento ou não da osteoporose. Foi demonstrado, em pré-adolescentes, que a ingestão de cálcio adicional aumentou e manteve a densidade óssea de meninas estudadas durante um período de 4 anos. Assim sendo, a ingestão de quantidades extras de cálcio na juventude poderia ser uma maneira de reduzir o risco de osteoporose na terceira idade (MARCHINI; OLIVEIRA, 1998).
A osteoporose atualmente afeta mais de 75 milhões de pessoas na Europa, Japão e Estados Unidos, com um risco estimado de fraturas ao redor de 15%. Dados norte-americanos mostram que as fraturas devido à osteoporose são mais graves, letais em 12 a 20% dos casos. Sabe-se que a incidência de osteoporose entre mulheres chilenas acima de 50 anos de idade é de 22%. No Brasil há escassez de dados referentes à população acometida pela osteoporose. Estima-se que aproximadamente 10 milhões de brasileiros sofram com osteoporose no país, sendo que 2,4 milhões sofrem fraturas anualmente e destes, cerca de 200 mil morrerão em decorrência direta de suas fraturas. Calcula-se que a osteoporose afete aproximadamente 35% das mulheres acima de 45 anos de idade em nosso país (ARAGÃO; FREIRE, 2004).
A osteoporose afeta cerca de 30% das mulheres no período de pós-menopausa, sendo reconhecida como um problema de saúde pública. Uma vez que sua prevalência aumenta com a expansão da longevidade na população, é possível que no Brasil tenhamos uma maior incidência desta patologia nos próximos anos. Diversos fatores genéticos, ambientais e socioculturais aumentam o risco da osteoporose (ABREU; AZEVEDO; GUIMARÃES, 2005).
Muitos fatores inerentes à dieta podem afetar o esqueleto. O baixo consumo de cálcio na infância e na adolescência pode levar a um pico de massa óssea baixo. No decorrer da vida, o consumo inadequado de cálcio na dieta pode causar uma maior perda. Uma dieta balanceada é muito importante para os ossos. O consumo adequado de cálcio é, especialmente, de grande auxílio para atingir um bom pico de massa óssea podendo até reduzir a perda óssea relacionada com a idade, ao longo da vida (COMPSTON, 2001).
O objetivo deste trabalho foi ampliar o conhecimento sobre os alimentos mais importantes para a prevenção da osteoporose na fase da pré e pós-menopausa, onde foi realizado através de levantamento bibliográfico, coletando-se dados em revistas científicas, sites, artigos e livros.

REVISÃO DE LITERATURA

Pré-menopausa

Considera-se o período de pré-menopausa as mulheres com ciclos menstruais regulares ou com padrão menstrual similar ao que elas tiveram durante a vida reprodutiva (PEDRO et al., 2003).
A osteoporose em mulheres que se encontram na pré-menopausa pode ter como causa uma série de condições, incluindo-se anorexia nervosa, excesso de exercício, amenorréia secundária ou outros problemas ginecológicos. A reposição hormonal é, muitas vezes, o tratamento opcional destas mulheres, pois se sabe que elas têm uma deficiência hormonal (COMPSTON, 2001). 

Menopausa

A menopausa é uma fase na vida de toda mulher que se caracteriza pelo fim do período fértil e pela redução de produção de estrógeno e progesterona. À medida que a produção de estrógeno cai, as taxas de colesterol e triglicérides no sangue tendem a aumentar. A absorção e a captação do cálcio pelos ossos ficam prejudicadas. Desse modo, surgem os riscos para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares e de osteoporose (NEGAMI, 2009).

Fisiologia Óssea

Para entender como a osteoporose ataca o corpo faz se necessário compreender sobre a composição e função óssea entre outros fatores (EVANGELINOS, 2008).
O osso é uma estrutura viva, formada por proteínas e minerais, sendo constantemente destruída e reposta (COMPSTON, 2001). Sendo definido como um tecido conjuntivo vital, dinâmico que evoluiu para refletir um equilíbrio entre suas duas funções principais, provisão de integridade mecânica para locomoção, proteção e envolvimento nas vias metabólicas associadas à homeostase mineral (CIANCAGLINI, 1999). O osso é composto por células, matriz protéica extracelular mineralizada e matriz protéica não-mineralizada (osteoíde). O colágeno é o principal componente da matriz protéica, responsável por aproximadamente 70% do peso seco do osso (SZEJNFELD, 2000).
A perda da massa óssea é provocada pelo desequilíbrio entre o processo de remodelação (osteoblastos) e o da reabsorção (osteoclastos) (CAMPOS; FERNANDES, 1995). (Figura 1).
Onde os osteoblastos são as células responsáveis pela formação da matriz que será posteriormente mineralizada (realiza a reabsorção do cálcio para o osso). Já os osteoclastos são células sinciciais gigantes, que estão presentes principalmente nas partes mais altas das lacunas de reabsorção dos ossos trabeculares (ARAGÃO; FREIRE, 2004). Ou seja, os osteoblastos realizam a reabsorção do cálcio para o osso e os osteoclastos realizam a degradação do cálcio no osso (EVANGELINOS, 2008).
A perda de massa óssea resultante da interrupção da atividade ovariana ocorre em todas as principais regiões do esqueleto, incluindo a cabeça, braços, tórax, coluna vertebral, pelve e pernas. A taxa de perda de massa óssea na pós-menopausa varia, não somente entre os diferentes sítios do esqueleto, mas também de mulher para mulher (FUZISAWA, 1997).


Figura 1 – Regulação da Massa Óssea.
Fonte: KAPLAN, F. S, 1995, p. 7.


Osteopenia

A osteopenia é um estágio anterior a osteoporose, a sua definição está associada à quantidade de perda óssea, ou seja, na osteopenia temos uma perda óssea, porém, essa perda óssea é menor que na osteoporose. A osteopenia não é tão grave quanto à osteoporose, porém, o risco de fraturas também está aumentado e também deve ser tratada (SILVA, 2007).

Osteoporose e fatores de risco

A osteoporose é definida como uma desordem esquelética caracterizada por redução da massa óssea com alterações da microarquitetura do tecido ósseo levando a uma redução da resistência óssea e ao aumento da suscetibilidade a fraturas (RENILSON, 2002). A osteoporose é conhecida como uma doença silenciosa, pois, sua manifestação ocorre depois da perda de 30 a 40% da densidade de massa óssea (EVANGELINOS, 2008). A mesma representa hoje um importante problema de saúde pública, em termos de morbidade, mortalidade e custos financeiros. Quando a diminuição de massa óssea ainda não é acentuada, a osteoporose pode ser assintomática. À medida que a perda óssea aumenta, surgem sinais e sintomas como: perda de altura, deformidade vertebral (principalmente cifose) e fraturas de vértebra, quadril, punhos e de outros ossos. O sintoma mais característico é dor nas costas por compressão vertebral (HASHIMOTO; NUNES, 2005).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) conceitua os pacientes osteoporóticos como: aqueles que têm uma Densidade Mineral Óssea abaixo de -2,5 desvios padrão comparado com massa óssea de adultos jovens (HASHIMOTO; NUNES, 2005).
Qualquer pessoa pode desenvolver a osteoporose, mas o risco é maior em algumas pessoas do que em outras. Em qualquer pessoa, o risco de osteoporose depende de uma combinação de fatores, incluindo sua idade, sexo e raça. Indubitavelmente, há uma influência genética na osteoporose. Muitos aspectos da vida diária podem afetar nossos ossos, entre eles, dieta, exercício físicos, consumo de bebidas alcoólicas e o ato de fumar (COMPSTON, 2001). 
As mulheres têm um risco quatro vezes maior de desenvolver osteoporose que os homens, basicamente em função da diminuição de hormônios sexuais femininos após a menopausa. Os indivíduos brancos e orientais têm maior tendência á osteoporose. As mulheres negras têm mais músculos e ossos mais largos e o pico de massa óssea mais alto aos 35 anos. As mulheres negras têm uma perda óssea mais lenta e o seu nível de calcitonina no sangue é mais alto do que o das brancas. Assim, as pessoas morenas são menos propensas a ter osteoporose. As mulheres baixas e magras têm falta de músculo e provavelmente tem os ossos mais frágeis, com maior propensão á osteoporose. As mulheres altas, evidentemente, tiveram mais hormônios e os ossos tem um pico de massa óssea maior, portanto estão mais protegidas contra a osteoporose. Já as mulheres mais gordas têm uma proteção maior contra a osteoporose porque os ossos são mais largos e o tecido gorduroso acumula mais hormônio feminino (CIANCAGLINI, 1999).
Quanto mais cedo surge a menopausa natural, maior o risco de osteoporose. A idade entre 45 e 50 anos é a que em mais freqüentemente cessa a menstruação, perdendo assim a proteção dos hormônios nos ossos. Alguns medicamentos podem causar a perda da massa óssea mais acentuada, quando usados por períodos prolongados, principalmente em mulheres menopausadas há 10 anos. São eles: os corticóides, os anticonvulsivantes, os antiácidos e os diuréticos (CIANCAGLINI, 1999).
A osteoporose resulta de mudanças na homeostase do cálcio, sendo uma desordem do metabolismo ósseo. A quantidade de tecido ósseo é tão baixa que os ossos são facilmente fraturados com a mínima força. A regulação do metabolismo do cálcio depende de três órgãos (osso, rim e tubo digestivo) sobre os quais vão atuar três hormônios: o paratormônio, a vitamina D (1-25 - dihidroxicolecaleiferol) e a calcitonina. O hormônio paratireóideo (PTH) incrementa a reabsorção óssea, a vitamina D favorece a estogênese e mobiliza o cálcio ósseo numa ação sinérgica com o paratormônio e a calcitonina diminui a reabsorção óssea e incrementa a excreção urinária de cálcio. O ponto mais importante da homeostase é que a massa óssea é sacrificada, visando manter a concentração iônica de cálcio sérico em níveis normais (AMORIM; SANTOS, 2009).
O pico de massa óssea é atingido por volta dos 35 anos de idade em homens e mulheres. Após essa idade, as mulheres perdem aproximadamente 1% de massa óssea por ano e podem perder até 6% por ano durante os primeiros 5 anos após a menopausa. Os homens apenas começam a perder massa óssea, cerca de 0,3% por ano, por volta dos 50 anos. Vale lembrar que nos indivíduos após os 35 anos de idade, principalmente no sexo feminino, a formação óssea não consegue repor de forma completa a massa óssea perdida durante a atividade osteoclástica. Há redução da massa esquelética e os ossos tornam-se progressivamente porosos. Esta redução de massa óssea ao longo do tempo é conhecida como perda óssea involuntária. A osteoporose ocorre quando os osteoclastos criam uma cavidade excessivamente profunda que não consegue ser suficientemente preenchida pelos osteoblastos ou quando estes não conseguem preencher uma cavidade de reabsorção normal. Nas mulheres após a menopausa, além dos índices de reabsorção e remodelação estarem diminuídos, há um grande desequilíbrio entre estes dois processos. Os osteoblastos, apesar de ativos, não são capazes de reconstruir completamente as cavidades ósseas reabsorvidas pelos osteoclastos e a partir daí inicia-se uma perda excessiva de massa óssea (ARAGÃO; FREIRE, 2004).
O uso do fumo influencia na regularidade da menstruação, antecipando em cinco anos a menopausa. Se forem comparados dois grupos de mulheres, um que fuma dois maços de cigarros por dia e outro que não fuma, pode-se observar que as fumantes têm menos apetite, são magras, tomam três ou quatro xícaras de café por dia (estimuladas pelo fumo) e faz pouco exercício. Esse grupo de fumantes tem a menopausa cinco anos mais cedo do que o grupo de não fumantes. A menopausa precoce deixa os ossos mais enfraquecidos, porque a “proteção” do estrogênio vai diminuindo até desaparecer (CIANCAGLINI, 1999).
A ingestão de álcool influi na absorção intestinal do cálcio, e afeta o fígado onde a vitamina D é convertida em poderoso agente de absorção de cálcio. O aumento da reabsorção óssea provavelmente contribui, mas evidência para isto é menos convincente. Consumo de álcool moderado pode estar associado com um risco maior de fraturas, mas dados não são consistentes. Alguma evidência sugere que consumo de álcool moderado possa estar associado a uma densidade óssea mais alta. Estilo de vida concomitante ou fatores sócio-econômicos podem explicar esta associação (CIANCAGLINI, 1999).
Vários estudos já foram realizados para confirmar se a alta ingestão de álcool causaria uma interferência na biodisponibilidade do cálcio. Esses estudos concluíram que não há influência direta a ingestão de álcool sobre a absorção de cálcio. Contudo, o álcool, quando ingerido em grandes quantidades, exerceria outras ações deletérias sobre o organismo com relação ao metabolismo do cálcio e ao esqueleto (ALMEIDA; BUZINARO; MAZETO, 2006).
Existem muitas controvérsias sobre a influência da cafeína na biodisponibilidade do cálcio e no aumento da perda mineral óssea. Verificou-se, em estudo realizado em mulheres menopausadas, que uma ingestão maior que 300 mg de cafeína por dia causaria uma perda de cálcio a nível ósseo. A maioria dos estudos não é conclusiva sobre a influência da cafeína na biodisponibilidade do cálcio dietético, mas sugere que a mesma exerceria um efeito semelhante ao álcool, causando uma maior estimulação da excreção do cálcio a nível renal e uma maior desmineralização óssea (ALMEIDA; BUZINARO; MAZETO, 2006).
Pesquisa realizada na Universidade de Harward, nos Estados Unidos, e publicada na revista Veja de 23/08/00 (edição 1663), informa que os refrigerantes, especialmente aqueles do tipo cola, podem aumentar o risco de fraturas osteoporóticas no sexo feminino em até três vezes, porque o ácido fosfórico presente nestas bebidas interfere no metabolismo do cálcio, prejudicando a formação óssea (PERES, 2002). 
Nas mulheres que se encontram no período pós-menopausa, o consumo excessivo de sal na dieta causa a eliminação do cálcio através da urina. E já que as mulheres que ultrapassam a fase da menopausa têm falta de estrogênio necessário para tornar a vitamina D requerida para processar o cálcio dos alimentos, elas acabam com muito pouco cálcio no corpo (CIANCAGLINI, 1999).



Trajeto do cálcio até o osso

A absorção do cálcio ocorre primeiramente no intestino onde a vitamina D realiza a sua passagem do intestino para o sangue, fazendo com que o cálcio que está no sangue vá de encontro aos receptores do osso. No entanto, caso a quantidade de cálcio seja muito pequena no nosso sangue, o hormônio da paratireóide ou HPT – que é produzido em células da Tireóide – será liberado e agirá sobre os ossos transformando os osteocitos em osteoclastos. Caso o nível seja muito alto, uma célula que também esta localizada na Tireóide liberará a calcitonina, que age sobre osteoclastos impedindo sua ação. Durante o envelhecimento do corpo, algumas destas ações são diminuídas. Devido à diminuição da exposição solar acontece a diminuição da Vitamina D no corpo. Tanto no homem quanto na mulher (antes da menopausa), a produção do hormônio calcitonina pode sofrer uma redução deixando maior espaço para ação do osteoclasto.  No caso o HPT pode estar em condição normal no corpo, porém, em algumas ocasiões age desnecessariamente, fazendo com que o osteoclasto aumente sua ação. Nas mulheres ocorre a menopausa que afeta a quantidade de hormônio estrogênio, que interfere indiretamente na absorção do cálcio, pois age bloqueando o HPT, estimulando a vitamina D e a ativação da calcitonina (EVANGELINOS, 2008).
A vitamina D é muito importante para a saúde dos ossos. No organismo, ela aumenta a absorção de cálcio pelo intestino e por isso assegura que o cálcio necessário chegue ao esqueleto. Este contém 99% do cálcio total do organismo. A vitamina D tem efeitos diretos nos ossos, estimulando a formação das células responsáveis pela formação dos mesmos. Há dois tipos de vitamina que têm efeito similar ou idêntico: a vitamina D3 (colecalciferol) produzida quando a pele é exposta ao sol e a vitamina D2 (ergocalciferol) que é encontrada na dieta. A vitamina D é produzida pela pele quando exposta à luz solar e este processo normalmente fornece vitamina suficiente para manter os níveis adequados no organismo (COMPSTON, 2001). 
   A ação da vitamina D é necessária para que ocorra uma adequada absorção intestinal de cálcio. Como este nutriente também está disponível a partir da ação da luz solar nos tecidos subcutâneos, a quantidade necessária a partir de fontes dietéticas depende de fatores não dietéticos, tais como fatores geográficos e tempo passado fora de casa (ALMEIDA; BUZINARO; MAZETO, 2006).
   
Ação dos hormônios estrogênio e progesterona

A menopausa, que se inicia entre 45 e 55 anos de idade, é um evento singular que ocorre devido à deficiência estrogênica, trazendo uma série de transformações ao organismo feminino. As mulheres passam a enfrentar perdas ósseas. Nesta fase da vida, a perda de massa óssea nas mulheres é relacionada ao declínio agudo da produção ovariana de estrógeno, hormônio que tem ação protetora sobre o osso. No início da deficiência ovariana, uma mulher perde 3 a 5% de massa óssea por ano. A deficiência de estrógeno tem sido apontada como uma causa primária de perda óssea após a menopausa e conseqüentemente, um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de osteoporose em mulheres. O estrógeno tem um efeito protetor no osso por suprimir sua reabsorção, prevenindo a perda óssea e reduzindo o risco de fraturas. Este efeito ocorre por várias razões. Primeiro, o estrógeno melhora a absorção de cálcio no trato intestinal e diminui a perda de cálcio pela urina. Segundo, com níveis aumentados de estrógeno, a forma ativa de vitamina D na circulação é elevada. Terceiro, o estrógeno estimula a produção de calcitonina, que previne a remoção de cálcio do osso. O osso trabecular tende a ser mais sensível do que osso cortical a variações nos níveis de estrógeno. A redução dos níveis de estrogênio tem sido relacionada à alta incidência de fraturas vertebrais (ARAGÃO; FREIRE, 2004).
O estrogênio é um dos grandes responsáveis pela supressão da reabsorção óssea (Figura 2). Com a privação hormonal, por qualquer causa, ocorre maior diferenciação das células primordiais em osteoclastos e maior número de unidades remodeladoras, ocorrendo, assim, maior reabsorção, com formação óssea não compensadora. É importante enfatizar que a perda óssea conseqüente á diminuição dos hormônios gonadais femininos não pode ser justificada apenas pela influência da dieta. Nos primeiros cinco anos da menopausa, a privação hormonal é o principal evento da determinação da fisiopatologia da osteoporose, sendo responsável por 15% da perda óssea (SZEJNFELD, 2000).
A progesterona também participa do metabolismo ósseo, sobretudo da síntese de matriz óssea. Ela estimula a proliferação e diferenciação das células osteoprogenitoras e atua nos osteoblastos, regulando a secreção de fatores de crescimento e estimulando a reposição e mineralização ósseas (OCARINO; SERAKIDES, 2006).
Fotos Trabalho da Leilinha\Efeitos do Estrogênio na Reabsorção Óssea.jpg

Figura 2 – Efeitos do Estrogênio na Reabsorção Óssea.
Fonte: KAPLAN, F. S, 1995, p. 8.


Importância dos alimentos como prevenção

A prevenção da diminuição da massa óssea deve fazer se em qualquer idade, sendo mais eficaz na infância e na juventude. Nesta fase deve haver um adequado aporte de cálcio, que tem um efeito positivo, aumentando o pico de massa óssea. Na mulher, depois da menopausa espontânea ou cirúrgica, a prevenção faz-se com a terapêutica hormonal de substituição impedindo assim a perda acelerada do osso, e nesse sentido este método deve ser considerado preventivo. Em idades mais tardias da vida, a prevenção pode fazer-se eficazmente com a administração diária de cálcio e vitamina D. Ou seja, a prevenção da osteoporose não deve começar na pré ou pós-menopausa, mas na infância. A mudança nos hábitos alimentares, incluindo alimentos com alto teor de cálcio, tais como leite e seus derivados, seria a melhor solução para minimizar a deficiência deste mineral. É difícil ingerir cálcio em quantidade suficiente com base em produtos que não sejam laticínios. Além disso, os laticínios fornecem outros nutrientes, tais como magnésio, riboflavina e as vitaminas A e D (AMORIM; SANTOS, 2009).
Cálcio é essencial para toda célula do corpo, incluindo coração, nervos e músculos. Assim, é importante que a necessidade de cálcio pelo corpo não seja maior do que a quantidade oferecida na dieta alimentar diária. Mantido esse equilíbrio, o organismo não precisa retirar a reserva de cálcio dos ossos. O fósforo é um componente mineral ósseo tão importante quanto o cálcio. Quando os níveis de fósforo no soro estão baixos, ocorre retirada de fosfato da matriz óssea, o que prejudica a estrutura óssea e sua função (CARVALHO et al., 2002).
As fontes alimentares de cálcio são as hortaliças de folhas verdes escuras, como couve, folhas de mostarda e brócolis; as sardinhas, salmão enlatado, moluscos e ostras. A soja também contém grandes quantidades de cálcio. O ácido oxálico limita a disponibilidade desse mineral no espinafre, acelga e folhas de beterraba. O suco de laranja fortificado contém a mesma quantidade de cálcio que o leite. E também os pães e produtos de trigo preparados com propionato de cálcio são boas fontes (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005).
O uso da alta ingestão do cálcio dietético ou como suplemento alimentar, embora discutível por alguns autores, é a forma mais amplamente utilizada para a prevenção e o tratamento da osteoporose em todo o mundo. É importante para a mulher, no período da pós-menopausa, aumentar a suplementação de cálcio, quer dietético, quer medicamentoso (SZEJNFELD, 2000).
De acordo com as recomendações feitas pela RDA, a ingestão diária de cálcio deve ser de 800 mg para crianças de 1 a 10 anos de idade e para homens e mulheres na faixa etária de 11 a 24 anos. Na adolescência e juventude para ambos os sexos recomenda-se uma ingestão diária em torno de 1200 mg de cálcio, esta recomendação também inclui as gestantes e os lactentes no 1° e 2° semestres (AMORIM; SANTOS, 2009). Já para o National Institutes of Health (NIH) Consensus Conference (1994), a ingestão de cálcio ideal para crescimento e manutenção óssea é de 800 a 1000 mg/dia durante a infância, 1200 a 1500 mg/dia entre 12 e 24 anos de idade, 1000 mg/dia dos 25 anos até a menopausa ou dos 25 anos até os 65 anos, dependendo de qual situação for antes atingida (menopausa ou os 65 anos) e 1500 mg/dia depois deste período (CARVALHO et AL., 2002).
A vitamina D é indispensável á absorção intestinal do cálcio. Outros fatores nutricionais têm uma importante influência no desenvolvimento e manutenção do sistema ósseo como a participação do flúor, magnésio, fósforo, manganês, zinco, cobre, etc (AMORIM; SANTOS, 2009).
 A vitamina D pode ser ingerida na dieta, mas sua principal fonte são peixes gordurosos, tais como o linguado gigante e a cavala, alimentos que as pessoas não comem habitualmente. Os laticínios contêm menores quantidades de vitamina D e alguns alimentos são reforçados com esta vitamina (COMPSTON, 2001).
A vitamina D também é importante para o osso por facilitar a absorção de cálcio e de fósforo que são essenciais aos ossos (CARVALHO et al., 2002).
 A Tabela 1 mostra a quantidade de cálcio em alguns alimentos.

  Tabela 1 – Quantidade de Cálcio em alguns alimentos
Alimento
Quantidade
mg de cálcio
Leite integral
200 ml
220
Leite desnatado
200 ml
230
Iogurte com baixo teor de gordura
170 ml
160
Iogurte de frutas
200 g
160,8
Requeijão
30 g
32,1
Queijo mussarela
2 fatias
180
Ricota
1/2 xícara
337
Couve
1 xícara
357
Brócolis
1 xícara
136
   Fonte: NEGAMI, 2009, p. 1.

Uma dieta balanceada é muito importante para os ossos. O consumo adequado de cálcio é, especialmente, de grande auxílio para atingir um bom pico de massa óssea podendo até reduzir a perda óssea relacionada com a idade, ao longo da vida. Embora muitos alimentos contenham cálcio, não são todos que liberam muito cálcio após terem sido ingeridos, e a melhor fonte de cálcio na dieta são os produtos de granja: leite, ovos e queijo. A maior parte dos especialistas acredita que cerca de um grama de cálcio deva ser ingerida diariamente a dieta; 568 ml de leite contêm cerca de três quartos desta quantidade (incluindo o leite desnatado, que na verdade contém um pouco mais de cálcio que o leite semi-desnatado). Infelizmente, algumas pessoas não toleram laticínios e talvez seja necessário que tenha uma suplementação de cálcio, já que é muito difícil consumir um grama de cálcio por dia, sem usá-lo (COMPSTON, 2001).

Alimentos que interferem a absorção de cálcio

   A absorção de cálcio está relacionada com a biodisponibilidade e existem vários fatores que a interferem. O teor de cálcio encontrado nos alimentos nem sempre se encontra totalmente biodisponível (AMORIM; SANTOS, 2009).

Fosfato

A ingestão excessiva de fósforo em forma de fosfato pode alterar muito a proporção de cálcio e fosfato, especialmente se as ingestões de cálcio forem baixas. O excesso de fosfato comparado ao cálcio diminui a concentração do íon cálcio sérico, e, se este padrão de ingestão se tornar crônico, acredita-se que a perda óssea aconteça (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005).

Vitamina D
       
A deficiência dessa vitamina acarreta diminuição na absorção de cálcio e conseqüente aumento dos níveis de hormônio paratireoideano (PTH), o que promove aumento da reabsorção óssea (CARVALHO et al., 2002). Essa deficiência, muitas vezes associada á deficiência de cálcio ocasiona o enfraquecimento dos ossos (osteomalacia) aumentando também a perda óssea e o risco de fratura (COMPSTON, 2001).
A ingestão adequada de vitamina D é importante, porém o excesso deve ser evitado. O uso excessivo de suplementação de vitamina D pode ser tóxico, uma vez que altas doses induzem hipercalcemia e aumentam o risco de calcificação de tecido mole, especialmente dos rins (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005).

Vitamina E
     
   A vitamina E tem mostrado ser eficaz para manter o desenvolvimento normal ósseo e beneficiar a massa óssea de idosos, além de aumentar a formação de osso trabecular (CARVALHO et al., 2002).

Vitamina K

As pessoas que consomem pouca quantidade de vitamina K podem estar em maior risco de fraturas. Portanto, uma ingestão ótima desta vitamina lipossolúvel, em especial no fim da vida, pode ser importante para a homeostase do cálcio, saúde óssea e redução de fraturas (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005).

Fibra dietética

   A ingestão excessiva de fibras na dieta pode interferir na absorção do cálcio, mas qualquer interferência é considerada extremamente pequena na típica dieta norte-americana de baixo teor de fibras. Os vegetarianos estritos, que podem consumir até 50g de fibras ao dia, seriam os indivíduos com maior probabilidade de apresentar uma depressão significativa na absorção intestinal do cálcio (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005).

Proteína

   O consumo excessivo de proteína pode levar à maior excreção urinária de cálcio. Enquanto as altas ingestões de cálcio não são significamente afetadas pela alta ingestão de proteínas, as baixas ingestões de cálcio geralmente não são suficientes para compensar uma alta ingestão de proteínas. Também é importante o total de proteína na dieta; os baixos níveis de albumina sérica afetam negativamente o cálcio sérico. Os pacientes com fraturas podem ser especialmente vulneráveis. A proteína animal aumenta muito as perdas urinárias de cálcio, isto é, com refeições contendo grandes quantidades de proteína animal; a proteína da soja possui efeito sobre as perdas urinárias de cálcio (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005). O consumo de grandes quantidades de proteína, cafeína e sal podem, também, aumentar o risco de osteoporose. Na verdade, alimentar-se de grandes quantidades de proteínas, como as existentes na carne, pode aumentar a perda de cálcio pelo organismo (COMPSTON, 2001).

Soja

Dentre os tipos de alimentos cujas alegações de saúde estão sendo amplamente divulgadas pelos meios de comunicação nos últimos anos destaca-se a soja. Ela possui características químicas e nutricionais que a qualificam como um alimento funcional: além da qualidade de sua proteína, alguns estudos mostram que ela pode ser utilizada na forma de prevenção e na forma terapêutica no tratamento de algumas doenças, inclusive a osteoporose e sintomas da menopausa (BEHRENS; SILVA, 2004).
Ela contém uma substância chamada isoflavona que apresenta uma estrutura química muito parecida à do estrógeno humano. Por isso é também chamada de fitoestrógeno. As isoflavonas possuem uma ação mais suave, de 1.000 a 100.000 vezes menor que o estrógeno, devido a isso quando absorvidas pelo organismo, atuam como estrógenos fracos e funcionam como reguladoras, pois são capazes de suprir a falta de estrógeno, prevenindo os problemas relacionados a esta carência como sintomas de menopausa, osteoporose, doenças cardiovasculares e outros (ABRÃO, 2004).
  
Sódio

As altas ingestões de sódio, particularmente em associação com uma baixa ingestão de cálcio podem contribuir para a osteoporose visto que resulta em maior excreção de cálcio (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005).

Álcool

    A ingestão de álcool (etanol) possui efeitos adversos sobre o esqueleto. Vários relatos implicaram o álcool como o principal contribuinte para a perda óssea (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005). Ele em excesso aumenta a excreção urinária de cálcio, magnésio e zinco e a deficiência de zinco tem sido associada com a osteoporose por causar hipogonadismo, o que diminui a secreção de hormônios sexuais. O consumo moderado e prolongado de álcool eleva os níveis séricos de PTH e pode estimular a secreção de cortisol. Todas as alterações provocadas pelo consumo de álcool contribuem para uma redução de formação óssea, o que resulta em osteopenia e aumenta o risco de fraturas (CARVALHO et al., 2002).
           
Dietas vegetarianas

   As dietas vegetarianas podem ser mais benéficas para o osso do que as dietas animais para as proteínas, mas tipicamente fornecem menos cálcio que as dietas animais. As dietas vegetarianas também podem contribuir para uma menor exposição durante toda a vida a estrógenos, o que poderia aumentar o risco de fraturas por osteoporose em indivíduos vulneráveis (MAHAN; SCOTT-STUMP, 2005).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

   Concluiu-se que a prevenção da osteoporose em mulheres na pré e pós menopausa é de elevada importância para o controle da massa óssea do indivíduo. Ao término desse artigo pode-se perceber que a melhor maneira para se evitar a osteoporose é a prevenção da mesma e o diagnóstico precoce.  E se consegue isso através da conscientização das pessoas e do conhecimento das mesmas sobre o grupo de alimentos importantes para a prevenção desta patologia na fase de climatério. Antigamente, o tratamento da osteoporose era muito restrito, agora com os progressos uma dieta adequada é um grande avanço no tratamento e principalmente na prevenção desta doença. Vale ressaltar também a importância do profissional nutricionista através de trabalhos informativos, palestras para a população saudável e de risco, atendimentos individualizados nas orientações para as mulheres nesta fase e portadoras desta patologia.

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[1] Graduandas de 2009 do Curso de Nutrição da Universidade de Franca.
[2] Professora Orientadora da Universidade de Franca. Mestre em Promoção de Saúde.